domingo, 20 de dezembro de 2009

Intempestiva

desconheço autor da foto.

É ardor que me envolve nas manhãs em que me vejo presa em teias feitas pelo meu próprio capricho. Talvez o amor seja lindo, romântico, rosa demais. Ou talvez minha pele não suporte a idéia da necessidade (?) constante de você, em que eu também abocanho tuas horas. Eu acho que não aprendi amar. Eu nunca fui boa com verbos [Nunca fui boa com isso].

O desconhecimento de si próprio é como um véu que usamos frente ao espelho (...)

Não culpo ninguém por minhas frustações: eu também não conheço os caminhos que me levam e me trazem. Eu que sei apenas é que preciso partir. Partir pra vida ou pro acalento. Partir pra longe ou, quem sabe, pra mais perto.

Foi tanta ciranda para chegar perto de ti. Foi tanta dança e coragem [só diga que valeu a pena].

Tenho gula de mim.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Jeito do Mato

(Edina Síkora)
Entre canelas e cravos, a menina borda os detalhes do sonho em fitas de cetim, enfeita a sala com flores, enquanto assa o bolo de anis
...

estrelado!

sábado, 25 de abril de 2009

Janelas e Colchas - Texto de Márcia Frazão



Quando a bainha da saia da noite arrastava pelas calçadas, acendendo os postes da rua e tocando os passarinhos para casa, Vitalina me chamava para tecermos a nossa colcha de sonhos na janela. Arrastávamos então duas cadeiras e no chão deixávamos os cestos, onde guardávamos o nosso material de trabalho: dois pares de raios de lua como agulhas, e risos, dores, desejos, tristezas, lembranças, raivas, fracassos, decepções, medos, amores, desamores, ilusões, realidades, desesperos, descrenças, entusiasmos, alegria e fé, enrolados em diversos novelos.Sentávamos bem próximas do parapeito da janela e enquanto a saia da noite farfalhava faróis a buzinar aflitos para chegar em casa após um dia inteiro de trabalho, inalávamos o perfume da noite e começávamos a tecer.A princípio, por ocasião das primeiras laçadas, atrapalhei-me com o manejo das agulhas e ainda não tinha muitos novelos ao meu dispor. Os raios de lua, embora eternos, de tão flexíveis eram difíceis de manejar. Diferentemente de Vitalina, que tinha uma variedade de novelos, os meus eram uns poucos metros de fio: o dos amores, um pouco menos, e o da fé, um pouco mais roliço, apresentando pequenos nós que embaralhavam o tricotar.Vitalina dizia que a prática e mais novelos viriam com o tempo. E que os nós no fio da fé eram para ser assim mesmo, "porque senão não é fé".Também custei a me acostumar com a falta de visibilidade do trabalho. A colcha parecia não passar daquela primeira tripa de laçadas que inicia o crochê. Vitalina ria da minha impaciência, dizendo que no início as colchas da janela são difíceis de se ver. E torcendo na agulha um fio, arrematava: "a veneziana do tempo é que dá forma às colchas".

Texto extraído do livro A Casa da Bruxa, de Márcia Frazão, publicado pela Editora Planeta.

*
*
*
Essa "tal" Vitalina, ainda me dará pano pra colcha...

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Sobre você em mim.




Amanhecia sob lençóis puros. Tecido mesmo. Linhas e linhas que, entralaçadas, cuidavam de me aquecer.Agora faço tranças para bordar meu rosto em teu coração. Também gosto de lançar sementes no solo fértil da tua pele: as flores me brotam com o arrepio. Cada botão de rosa pertence a cada botão meu que você invade! Assim, bem dessa maneira, eu estou tratando de cuidar do nosso jardim. Pois saiba que já temos gérberas, hortelã, alecrim, rosas e azaléias. As joaninhas temos aos bandos. Beija flor também.

Sempre olhei para dentro. Sempre fui uma vizinha próxima de mim mesma. As visitas sempre diárias. Os ângulos às vezes variavam, as formas não. Sempre ali. Sempre iguais. Mudei. Você, sem querer, me mostrou que a verdadeira visão de dentro não é feita com os olhos (mesmo com os olhos de dentro), ela é feita com o coração. Com a pele. Com os pêlos e dedos. Eu não vejo. Eu sinto. Eu não ouço. Eu canto.

Acho que você não percebe, ainda bem que você não percebe - Me pego, vez ou outra (mentira, vez em sempre), transbordando as minhas fronteiras para alcançar a doçúra líquida que você, gentilmente, cede na ponta da tua língua.

É um silêncio que comove. Um olhar inadiável na urgência da nossa eternidade tão despida de artifícios - é quando estou com você que derramo estrelas e me incendeio de paz.

Ainda bem que meu azul é o teu tom. Ainda bem que essa tua cor é o meu cheiro preferido que vive em meu aconchego favorito: os teus santos braços!

*
Pâmela S. Melo
*
Para você, Tomaz!

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

C.O.R.A.G.E.M

desconheço autor da foto.
A covardia é uma coragem às avessas. É a coragem de dar as costas aos rubis para se contentar com opacas pedras. É a coragem de abdicar a cereja por medo do gozo rubro e molhado e empanturrar-se de pálido glacê.

Talvez os covardes tenham uma coragem adesa as suas decisões: a coragem de guardar (sempre) o melhor da festa para depois - amanhã, semana que vem, mês que vem, ano que vem. Mas, eles não sabem, não sabem que o melhor da festa é a dança diária gingada no hoje. E que, com o tempo, a cereja perde a doçura e o brilho. Aliás, glacê demais não satisfaz a fome e nem faz gozar o paladar: apenas lambuza os dedos, mas, não umidece as coxas.

A coragem escancarada e sem disfarces é aquela que aponta o norte como direção sem a necessidade de uma bússola - apenas a liberdade do incerto, o coração solto. A coragem que conheço (e almejo) vem besuntada de medo e recheada de esperança. É uma fé de que as coisas vão seguir o rumo certo, o vento mais macio. É o desconhecer sobre a profundidade do mar em que se atira, mas, a grande euforia do salto.

A coragem, meu caro, é sair do casulo sem saber que se pode voar, e, descobrir voando. Porque as borboletas não são flores murchas no chão. São cores vibrando ao vento. E, sabe por quê?! Elas trajam coragem. Repare em suas asas ...
*
*
Pâmela Melo
"
"
Fiquei um tempo longe. Longe apenas do blog, pois, das palavras, da caneta e do papel, só quando "Socorro, não estou sentindo nada, nem medo, nem calor, nem fogo, não vai dar mais pra chorar, nem pra rir..."

Beijo e Luz!

sábado, 27 de setembro de 2008

!Glacê!

Desconheço autor da foto.

E esses são os segundos de sol pairando na minha janela. Os caracóis silenciosos se encaixam para iluminar a realidade. Eu queria ser como um pássaro azul. Me confundir com o céu e não ver limites nas nuvens, apenas plumas brancas para o descanso de meus desejos preguiçosos.

Os meus girassóis não choram mais. Não sentem ciúmes do astro rei, nem mesmo roubam do vento alguma nota musical. Eles agora se aquecem de luz para refletir o amarelo ouro na ponta da língua de quem os cheira.

Eu descubro, timidamente, que o MEU amor é a chave do MEU sossego. Eu entendo que o respeito dançando nos meus risos, manhas e pêlos é o sustento da minha leveza. Eu não preciso das estrelas para resplandecer as minhas noites: eu sou o sol vestido de lua.

Eu escolho as cerejas que estampam as minhas calcinhas de menina, porque a minha nudez já está no perfume dos meus olhos. Sente?!?!

Eu sinto...

*
*

Rosas aos anjos.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Confissão

Foto: desconheço autor


"... e eu que não quero as pistas, dívidas e restos. Preciso das plumas, das luas e rosas. Eu quero a cereja da vida." [Carnavais vertiginosos?? ah, esses eu dispenso. Logo vêm as cinzas]


E você?!?!



::
::


Inundada pela noite. Melada pelos desejos. Abandonada pelo sono. Eis que a única distração é dar asas aos segredos. Um perigo. Madrugada...

Notas passadas