sábado, 31 de maio de 2008

Cor-de-rosas

foto: Luiza Azevedo

Há mulheres que os búzios não dizem nada de novo, apenas trazem recordações do futuro. Há princesas que se mostram feras com simples tino da lua, nas noites em que homens apenas não são capazes de deixá-las nuas. Há fêmeas lúbricas e delicadas que dão suas crias por amor e o corpo pelo simples gozo, prazer preso no instinto. Há algumas damas sutis que, vitimadas do amor tão nobre, tão melindroso, suas veias femininas explodem de loucura, e assim, elas tornam-se damas secretamente lascivas e profanas. Existem meretrizes que por debaixo da saia guardam sonhos, afagos e bonecas, e o que mais desejam é alguém que as faça dormir em noites de tempestades. Conheço fadas que não são pueris, nem meninas, nem ingênuas, são ninfas que deixam nuances carmim no ar, elas ardem labaredas e inventam volúpias com suas varinhas de condão. Há muitas Deusas besuntadas de mel e rosas que chovem tempestades arredias quando suas almas guerreiras insistem em fragilidades tão femininas, inseguras. Sei de virgens que hipnotizam desejos: eles se rendem a elas, e, timidamente, elas penetram nos prazeres, um a um, rasgando todos os véus da pureza.

E eu, secretamente te confesso: ELAS são o império firmado nos mistérios, a insistente reticência pulsante, que arde e sangra a cada dança da lua.


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Pâmela Melo


Obs.: Eu estou tão dona de mim que só o vento sabe meu paradeiro e como rastro deixo apenas meu cheiro de menina, minhas pétalas de mulher. Por isso, não se assuste com minhas unhas vermelhas e meu ar de entrega: a minha lucidez é tua amiga e o meu frenesi é a minha paz!

Carinhos """

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Mudanças


Rasguei toda seda e me lancei na ponta de um pé de vento.
Decidi não me cobrar respostas óbvias e ações coerentes.
Agora eu danço no escuro, me pinto de sol,

brinco com cada botão de rosa do meu corpo e bebo as estrelas do céu.
Quando a alegria é grande eu choro. Se o humor é amargo, eu durmo. As unhas do pé estão vermelhas, o cabelo elegante na displicência e a língua sedenta de fertilidade, daquelas que brotam o desejo.
Eu não aceito mais não. Eu aceito paixão. E decidi me apaixonar todo dia, mesmo que depois venham as lágrimas, eu não mais as temo.
Eu corro riscos. Exatamente. Subo o morro pra beijar o santo no terreiro. Ergo a blusa pro prazer. Abaixo as armas pras minhas vontades-de-marfim.

Eu já não me questiono em noites de insônia. Agora eu me acalento.
Troquei o perfume e o lençol. Lavei o all star. Arrumei os armários e descolori meus pêlos.
De hoje em diante eu sou gargalhadas e sementes.

Quero água doce pra matar a sede, beijos de caramelo pra nascer prazer da luz dos meus encantos.

Creia-me, eu já sou a coragem das flores e a lucidez com vertigens.


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Pâmela Melo


Notas passadas