quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Sobre você em mim.




Amanhecia sob lençóis puros. Tecido mesmo. Linhas e linhas que, entralaçadas, cuidavam de me aquecer.Agora faço tranças para bordar meu rosto em teu coração. Também gosto de lançar sementes no solo fértil da tua pele: as flores me brotam com o arrepio. Cada botão de rosa pertence a cada botão meu que você invade! Assim, bem dessa maneira, eu estou tratando de cuidar do nosso jardim. Pois saiba que já temos gérberas, hortelã, alecrim, rosas e azaléias. As joaninhas temos aos bandos. Beija flor também.

Sempre olhei para dentro. Sempre fui uma vizinha próxima de mim mesma. As visitas sempre diárias. Os ângulos às vezes variavam, as formas não. Sempre ali. Sempre iguais. Mudei. Você, sem querer, me mostrou que a verdadeira visão de dentro não é feita com os olhos (mesmo com os olhos de dentro), ela é feita com o coração. Com a pele. Com os pêlos e dedos. Eu não vejo. Eu sinto. Eu não ouço. Eu canto.

Acho que você não percebe, ainda bem que você não percebe - Me pego, vez ou outra (mentira, vez em sempre), transbordando as minhas fronteiras para alcançar a doçúra líquida que você, gentilmente, cede na ponta da tua língua.

É um silêncio que comove. Um olhar inadiável na urgência da nossa eternidade tão despida de artifícios - é quando estou com você que derramo estrelas e me incendeio de paz.

Ainda bem que meu azul é o teu tom. Ainda bem que essa tua cor é o meu cheiro preferido que vive em meu aconchego favorito: os teus santos braços!

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Pâmela S. Melo
*
Para você, Tomaz!

3 comentários:

Poesia Daqui Mesmo disse...

Tão delicadamente sensual... Tão profundamente compremetido... Seu texto eriça um fogo que não se reconhece tão facilmente nesse gélido mundo de formas e aparências!

Abriu-se um espaço sideral entre as coisas que conheço e as que nem sei se existem...

Anônimo disse...

(Suspiros)


Há verdade nas tuas palavras! Amei!

Bjão

Renato Ziggy disse...

Sua sinestesia é tão sua, Pâ. Não tem como não ler e não saber que é você. Porque só aqui eu encontro extratos de poesia retirados lá da sensualidade de forma tão bela, delicada, feminina. Isso é seu demais. E como é bom voltar, e te ler assim, tão inteira e intensa. Beijo meu pra você!
Ziggy

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