sábado, 29 de março de 2008

Zéfiros e furacões


Há dias em que me detesto. Busco incessantemente qualquer pré-texto bobo (e pré-conceito também) para me findar no escuro do meu quarto de dentro, nos ares gélidos de minha auto-piedade. Nesses momentos eu ordeno guerra íntima, úmida de lágrimas e saliva, de arrebatamentos e loucuras. E, aí eu chovo, me planeio nuvem pesada no céu e caio líquida no vento. Pronto. Eis que a paz volta ao lar volúvel.

Mas, paz demais não me faz bem. Dá-me uma sensação de inércia, monotonia, e, eu quero a vida, o movimento, as emoções marcando todos os passos, se transbordando ávidas para qualquer vagabundo solto na noite. Aí, eu ordeno guerra íntima, úmida de lágrimas e saliva, de arrebatamentos e loucuras...


Descobri que eu só danço na tempestade, as garoas me dão sono.


*


Pâmela Melo




Obs.: Só para que fique registrado, hoje, por enquanto, a paz reina aqui dentro!rs


Ah! E feliz outono pra todos!!!!

sábado, 15 de março de 2008

De nós dois

Foto: Carla Salgueiro

Hoje a viagem foi lenta. As tuas mãos me conduziram para as mais belas paisagens e me deram carícias de presente. Eu me envolvi com teu corpo e me esqueci das horas, dos dias, da bagunça de nossas vidas. Já na madrugada alta do nosso enlaço eu quis dançar pros teus caprichos e nosso ritmo foi frenético e doce.
E, é nesse filme de cores que teus olhos me soletram, e, eu bem entendo que é nas minhas vírgulas que você se perde. Então, já embriagada pelo teu cheiro viril, te seguro pelos pulsos e te ensino as parábolas da nossa história, esse passado tão dentro de nós, e tantas luas novas vivificadas no êxtase do teu encaixe no meu quadril.
E eu te guardo nos meus seios de menina amanhecida,
e você, me refazendo pérola, me abriga nas conchas quentes das tuas mãos.

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Pâmela Melo


Obs.: Eu, às vezes, preciso me vestir de futura realidade para (des)fazer minhas fantasias, tão.

Notas passadas