terça-feira, 17 de junho de 2008

Doçura


Há ventos do sul soprando as minhas folhas secas no quintal. Há sinos de açúcar cantarolando livres no meu pensamento. Eis que a trégua teve fim. Meus deuses já me enviam a semente, a terra, a chuva. Agora eu preciso plantar a flor. Preciso regá-la com desejo púrpura. Sei de lembranças na minha íris que denunciam o meu desejo. Eu estou nua. Não acho mais minha saia de tule...

Minhas asas estão prontas pra tocar teus sonhos de menino bobo, menino bandido, que rouba beijos de cetim das maricotas da vizinhança. Mas há tanta ternura dissolvida nos teus lábios, tanto papel de seda azul embrulhando teus anseios, há um tanto de tudo em você, que chega a bagunçar meus livros já tão dispostos na estante. Já não sei mais onde estão os romances, os contos, meus livros de receitas e de histórias infantis. Os versos se misturaram. As palavras estão disformes na minha poesia.

Ouça o meu sussurro de alfazema: deguste meus segredos, meus medos, minhas dúvidas. Me segure pelos braços. Me leve para o esconderijo quente da tua alma e me ofereça um gole do teu chá. Eu preciso tecer o meu sossego. Colorir a minha brisa e perfumar minhas rimas com o teu cheiro.

Hoje eu preciso ser tua princesa.
*
*
Pâmela Melo

Um comentário:

baú de relíquias disse...

Uauu...
Parece que estou a ler o tom mais lilás da sua essência, linda, lindaa...
Há doçura, delicadeza e muita sensibilidade, vc tm o poder de traduzir sentimento em palavras, sinto muito orgulho de ver a borboleta linda que estás a se transformar... Desejo caminho de flores, perfumadas, em tons amarelos, rosas, brancos, lírios muitos lírios , porém rosas, violetas e margaridas também...
Vc é preciosa, raridade em meu baú...
Continue sempre a brilhar!!!

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